Carta à família de paciente autoimune – Ter uma doença autoimune, crônica ou não não, não é uma opção, daríamos qualquer coisa para não estarmos nessa situação.
Carta à família de paciente autoimune
Carta à família de paciente autoimune: Hoje eu quero falar com você!
Você que é marido, mãe, irmã ou amiga dela, de uma pessoa com uma doença Auto Imune.
Eu sei que parece tudo muito complicado…
Entender todos esses nomes difíceis, todas as hipóteses e teorias, que parecem mudar a cada consulta.
Ter que ver todos aqueles sintomas, cada vez mais esquisitos, sem saber exatamente de onde eles vieram e como eles aconteceram. Afinal, você nunca teve nada disso.
Correr atrás de dezenas de exames que ninguém nunca ouviu falar, brigar todos os dias pelo tratamento prescrito e, muitas vezes, saber que talvez acabe não dando certo.
E se chatear cada vez que você vai até a consulta, achando que está tudo bem, mas sai com a notícia de que os exames pioraram, com a sensação de dar um passo para frente e dois para trás.
Tudo isso é frustrante, é cansativo, dá raiva.
Sei que muitas vezes é até difícil de acreditar. Afinal, ela parece estar tão bem!
Mas também sei que, tão duro quanto lutar contra uma doença Auto Imune, é ver essa luta sendo travada por quem você ama.
E nesse momento você se pergunta: e agora, o que eu faço? Como eu ajudo?
Assumo todas as tarefas? Faço eu mesmo todo o trabalho?
Ou não, devo ser um pouco mais duro para estimular ela a “ir em frente”?
Então eu te digo: esteja apenas disponível.
Disponível para arrumar a casa e ajudar com os seus cuidados, mas sem tirar a sua autonomia.
Para permitir que vá devagar com o seu trabalho, mas sem cancelar planos, sonhos e desejos.
Disponível para escutar sobre aquela dor nova, o cansaço e a frustração, de novo e de novo.
Para ser forte como uma rocha, mas quentinho como colo de mãe, se preciso for.
Faça tudo que estiver ao alcance, mas respeite o seu espaço, quem ela é e onde quer chegar.
E nunca, mesmo que sem querer, faça ela se sentir culpada. Nunca!
Ela já se sente culpada o suficiente. Já carrega o peso de uma doença nas costas, o fardo de se perguntar, todos os dias, “por quê eu?”.
E quando o desespero vier e você não souber mais o que fazer, apenas sente-se ao lado dela, segure sua mão e diga: eu estou aqui, vai ficar tudo bem.
Fonte: Dr Caio Bosqueiro
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