Mensagem de um pai à filha com espondilite e leucemia – Nataly Melo Ostrowsky tem espondilite anquilosante e leucemia mieloide crônica (LMC)
Leucemia Mieloide Crônica
Leucemia mieloide crônica (LMC) ou leucemia mieloblástica crônica que é um câncer que se inicia na medula óssea e invade o sangue periférico. É um câncer adquirido envolvendo o DNA na medula óssea, portanto não presente no momento do nascimento.
A leucemia mieloide crônica é caracterizada pela proliferação de células da linhagem granulocítica sem a perda de capacidade de diferenciação. É um tipo de doença mieloproliferativa que tem como característica uma aberração citogenética ocasionada por uma translocação entre cromossomos, que resulta no cromossomo Filadélfia (cromossomo Ph1). (ONCOGUIA)
A maioria dos casos de leucemia mieloide crônica ocorre em adultos, mas muito raramente também pode ocorrer em crianças.
Mensagem de um pai, sobre Nataly – Nataly Melo Ostrowski, 35 anos. Paulistana vivendo em Joinville -SC. Se deparou com os sintomas e diagnósticos das 2 doenças enquanto cursava Biologia na PUC – PR em Curitiba( 2008/2012). Com o grande apoio da família, amigos e professores conseguiu concluir a faculdade. Hoje casada com o Artista e artesão Evandro Busarello. Vive em meio a à Mata Atlântica de Joinville onde criaram o Ateliê Eco da Mata, para trabalhar com arte e reaproveitamento de materiais. Unindo a formação e paixão do casal. E podendo assim respeitar as limitações que as doenças e seus tratamentos infligem à Nataly.
Mensagem de um pai; sobre João Luiz Ostrowski (pai): João Luiz é graduado em história, pós graduado em ética, professor universitário e na educação básica, leciona as Disciplinas de Ética, História da Educação; Sociologia da Educação, Filosofia da Educação, Teoria da História e História do Brasil.
Nataly Melo Ostrowski – “Antes de dormir desabafei um pouco com meu pai… como às vezes me sinto cansada… pois não é fácil lidar com tudo o que ocorre no meu corpo… tudo o que isso exige de mim… e eis que ele me lembrou desse texto que escreveu p mim em 2014, num desses momentos em que me sinto quase vencida, em que oscilo e fico muito abalada… é! viver é crônico! #repost #vivendocomEA #vivendocomLMC”
“Compartilhei um bucado do que tenho passado com vocês e não tenho como não compartilhar o que meu pai João Luis Ostrowski, que infelizmente mora longe de mim… me escreveu! <3”
Mensagem de um pai à filha com espondilite e leucemia
João Luis Ostrowski – “Pois é filha, já dialogamos e refletimos muito acerca das duas doenças que fazem parte da sua existência, do seu exercício de viver. Busco constantemente em minhas reflexões: o que poderia eu fazer, falar, exemplificar com o objetivo de lhe fortalecer, de te instrumentalizar para que convivas com as ditas doenças que te acometeram de modo que você sofra menos e, ao mesmo tempo, cresça, se humanize mais na relação com elas. Ou seja, transforme essa adversidade em força, em arroubos de viver, em ações humanistas.”
“Sei que não é empreitada fácil. Mas vou insistir nisso. É a única coisa que posso fazer por você, além de dividir contigo esse exercício de viver na adversidade. Nesse sentido, elencarei aqui, duas possibilidades filosóficas para se enfrentar o viver na condição em que você se encontra.”
“A primeira é a “aceitação“. Segundo o filosofo André Comte-Sponville aceitar “é dizer sim ao que é e acontece” […] [é a única maneira de viver] em concordância, indissoluvelmente, com a natureza e com a razão. Recusar? Para quê, se isso não altera em nada o que é? É melhor aceitar e agir. Não confundir a aceitação com a tolerância (que supõe um resto de recusa e distância), nem com resignação (que supõe um resto de tristeza).”
“A aceitação verdadeira é alegre. É nisso que ela é o conteúdo principal da sabedoria”. Segundo Prajnanpad – um pensador indiano – para uma vida plena tem-se que dizer sim a tudo o que vem; e que o caminho é compreender que só há um caminho, que é o mundo; e que ele é para pegar ou largar, melhor, aceitar e pegar. Também não confundir aceitação com vontade: queremos o que depende de nós, mas sim o que não depende de nós. Numa postura de aceitação não é proibido dizer não, se for por um sim mais livre ou mais claro. aceitação não é fraqueza. É força lúcida e generosa. Seu contrário é recusa, ressentimento, renegação, degeneração… é dizer não ao mundo. É o começo da loucura. A aceitação, ao contrário, é o começo da sabedoria. A segunda é uma inversão de mentalidade e de sentimentos em relação às doenças que fazem parte do mundo que você aceitou e pegou para si.”
“Nietzsche, assim como você, tinha uma carga da condição de animal cultural/biológico que é o ser humano: doenças. Num determinado período de sua vida, ele escreve na sua obra “Humano, demasiado humano” acerca da importância da doença na vida. Ele afirma o seguinte: essa tirana dentro de nós exerce uma terrível represália a cada tentativa que fazemos de evita-la ou dela escapar, a cada prematura resignação, a toda equiparação àqueles que nos são alheios, a toda atividade, ainda que respeitável, que nos distraia de nosso tema principal, e mesmo a toda virtude que nos proteja do rigor da responsabilidade mais própria.”
- Veja também: fases de uma doença crônica
“A doença é a resposta, cada vez que queremos duvidar do direito à nossa tarefa – que começamos a tornar as coisas mais fáceis para nós” (NIETZSCHE, 2008, p. 11). Esse discurso aqui construído – e pretensamente filosófico – por mim, tem um único objetivo: levar você à uma reflexão sobre o exercício de viver. Essas doenças condicionam, limitam, mas não são determinantes no auto/processo de humanização. Enquanto nos humanizamos, humanizamos os que convivem conosco. Nesse sentido, precisamos de você no nosso processo de humanização. Eu preciso de você no meu processo humanização. Aceite, reflita, projete, construa, agarre a vida, pegue o mundo. Viver é crônico! Não há outro caminho. Te amo!” “
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