Novas descobertas pode mudar e melhorar o tratamento da espondilite – Congresso internacional de espondiloartrites 2016, novas possibilidades de tratar a espondilite anquilosante com mais eficiência.
Novas descobertas pode mudar e melhorar o tratamento da espondilite
Muitos trabalhos vem mostrando a interação direta entre microbioma intestinal e o desenvolvimento das espondiloartrites, em especial a espondilite anquilosante, o entrevistado pela Sociedade Brasileira de Reumatologia fala sobre as novidades.
Dr Percival Sampaio Barros, professor da USP, responsável pelo registro Nacional de Espondiloartrites.
Dr Percival “Sem dúvidas o microbioma foi o assunto mais discutido nesse segundo dia do Congresso Internacional de Espondiloartrites, ontem foi discutido os mecanismos de desenvolvimento das espondiloartrites e hoje foi discutido em duas mesas redondas perfazendo 3:30h de duração o papel do microbioma e qual o papel do reumatologista, o que ele tem que saber sobre o microbioma.”
O Dr explica que o microbioma é o perfil da população bacteriana que existem nas nossas fezes.
Como é que todos esses material pode interferir no desenvolvimento da espondilite anquilosante? “Está bem demonstrado que pacientes hla-b27 positivo, interagindo com algumas bactérias da fauna intestinal podem desenvolver a doença e isso foi demonstrado nos modelos animais modificados geneticamente para b27, aqueles que foram criados para ser modelos da doença, quando eles têm um ambiente livre de bactérias eles não desenvolvem as manifestações características da doença, então nós chegamos a conclusão que o perfil bacteriano nas fezes dos indivíduos com espondilite, vai interferir com o desenvolvimento e evolução da doença.”
Veja o vídeo:
- Veja também, aqui: alimentação e espondilite, Klebsiella e hla-b27
O doutor Percival afirma ainda; “Isso é demonstrado nas manifestações axiais, ou em outros sintomas característicos da doença, também associada ao fato de que algumas populações manifestam características diferentes da doença, os nossos pacientes têm acometimento de coluna.”
Ainda há uma relação de diferentes sintomas e características da doença em populações diferentes afirma: “Mas existem especialmente no Brasil e na América Latina populações miscigenadas tanto negro quanto o índio tem mais acometimento periférico, começa a ser estudado e percebido que essas populações também têm perfis diferentes de bactérias nas fezes, será que um perfil diferente ligado geneticamente a populações diferentes com aspectos raciais diferentes podem estar associados às manifestações diferentes?”
Muitos estudos mostram essa relação: “Com isso vem crescendo o número de trabalhos nesse sentido de estudar como é o desenvolvimento da doença em populações diferentes, com sintomas e ação diferente da doença, mostram assim a importância do estudo do perfil do microbioma e como pode ser importante, a ação da doença e interação ambiental com mais algumas características de cada população.”
E o que pode vir futuramente a ser mudado na forma como é tratada a espondilite, o Dr Percival afirma: “Estes estudos podem mostrar clinicamente até que ponto este perfil de bactérias pode estar associado, por isso que em alguns casos nós poderemos até dentro do esquema terapêutico do paciente colocar alguns antibióticos, por isso que se cogita em alguns pacientes específicos onde a flora intestinal tem uma evolução e uma participação muito grande nos sintomas fazer o quê se chama de ‘transplante fecal’ na verdade é sondar o indivíduo e inocular novas bactérias no intestino para que se mude o perfil, é um racional bastante interessante que ainda não tem uma aplicabilidade prática, mas a partir do momento em que os novos trabalhos estão sendo mostrados, confirmaremos e poderemos compreender cada vez mais o papel da bactéria na gênese dessa doença inflamatória, extremamente complexa, e ligada a um perfil genético significativo, talvez um procedimento como antibióticoterapia e depois um transplante fecal, pode até tentar melhorando de maneira importante todas as condições.”
Em 2018 acontecerá o próximo congresso e sem dúvida estudos feitos no Brasil um dos países do mundo que tem a maior miscigenação, pode mostrar que raças diferentes, com microbiomas intestinais diferentes pode ser estudados para desenvolver novas técnicas de tratamento para nós pacientes.
Comentários
One Comment
Material sensacional.
infelizmente os nossos médicos reumatologistas estão muito atrasados nessa associação da expressão da EA com a microbiota intestinal.